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Muitos acreditam que o escritor não tem o hábito de fazer nada além da ficção, mas não é verdade.
A crônica é um bom exemplo.
Por mais que meu âmbito de fato seja a ficção, também tenho escrito algumas croniquetas.
Aqui vai uma.
Depois diz pra mim o que achou.
Eu os amo.
A
cultura da migalha
Segunda-feira
18 julho 2016 6:38
Terça-feira
19 julho 2016
Depois
de uma hora na fila – veja, sul do Brasil faz frio, queridão – para pegar uma
ficha para clínico geral, final de madrugada 4 graus e sensação térmica mil negativo, além de não
ser fácil, é algo cômico não fosse trágico.
Eu
explico.
A
saúde, no país brasílis, é caótica. Daquelas que dá pena, raiva, desgosto.
Médicos (quero crer a maioria competentes) mal remunerados. Locais – postos de
saúde – eventualmente mal conservados, com o mínimo de estrutura necessária.
Bem. Falei o óbvio.
O
que eu não disse, e agora vem o núcleo da proposta qual ponho a baila, é –
digamos – a maneira de pensar-agir de muitas pessoas. Tudo bem que chegar cedo
e garantir uma ficha é legal. Mas muitas delas preferem vir aos postos às 04
horas da manhã. Tudo para ser o primeiro ou a primeira da fila.
Olha
que os postos abrem às 7, aproximadamente.
Alguém
pode me explicar a psicologia disso?
Nada
justifica, creio, sair de casa tão cedo.
Nada justifica, sequer explica, esta ‘sanha' pelo - pelo quê? Dizer,
estufado peito, eu fui o primeiro a
chegar! Quão idiota esta atitude, se assim o for. Ah, mas se pode
justificar quero ser atendida(o) mais
cedo e, bum, fez-se o sol.
Ultimamente
está em moda dar nomes como “ cultura do estupro”, “cultura do
caralho-a-quatro”, “cultura da descultura”.
Nada mais justo chegar às 4 da manhã num posto para ter a primeira ficha (ironia)
e alimentar-salientar esta cultura da
migalha; somos frangos para abate mesmo (humor negro).
Não
proponho soluções, longe disso. Quero, entanto, encontrar um porquê. Provocar
discussão sadia acerca do assunto. Quem ainda quer chegar cedo?
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